Neri Geller e Ângelo Oswaldo, ambos do PMDB, foram confirmados nas pastas na noite desta quarta-feira
Embora sem anúncio oficial do Palácio do Planalto, dois novos ministros,
filiados ao PMDB, foram escolhidos na noite desta quarta-feira como
titulares das pastas da Agricultura e do Turismo.
Mesmo com a bancada do
partido na Câmara se negando a indicar novos nomes, por causa da
posição atual de enfrentamento com o governo, os novos ministros,
escolhidos pela presidente Dilma Rousseff, atendem aos deputados do
PMDB. Neri Geller assumirá a Agricultura no lugar do deputado licenciado
Antonio Andrade (MG); e o ex-prefeito de Ouro Preto Ângelo Oswaldo irá
para o Turismo, em substituição ao também deputado licenciado Gastão
Vieira (MA).
Interlocutores
da presidente Dilma confirmaram que nesta quarta-feira estava
determinada a resolver a pendência nos ministérios do PMDB. Telefonou
para o vice-presidente Michel Temer e afirmou:
- Vou resolver esta
novela hoje. Geller e Andrade estiveram na noite desta quarta-feira com
o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o líder da bancada,
Eduardo Cunha. Geller saiu do encontro já falando como novo ministro da
Agricultura, mesmo sem o Planalto se pronunciar.
- Realmente, a
presidente nos convidou. Eu tenho o aval do ministro Antonio Andrade e
do setor. A indicação foi do ministro para dar sequência ao trabalho que
ele vem desenvolvendo no ministério. Não é indicação da bancada - disse
Geller.
- A bancada diz que não vai indicar ninguém, mas o Neri
não teve objeção de nenhum deputado e nem do Henrique. Vim agradecer ao
Henrique, e o líder estava aqui (por acaso). Ele é do PMDB, é um bom
nome e não vai acirrar nenhum ânimo - disse Antonio Andrade,
completando. - Pelo contrário, de anteontem para ontem, todos
concordaram com essa indicação. Ele é bom pelos os interesses do
agronegócio, que está muito bem no Brasil, e vai ajudar a Dilma.
Um
pouco depois, Cunha e Henrique saíram do gabinete da presidência da
Câmara elogiando a escolha de Geller. Ambos afirmaram que não foi
indicado pela bancada, mas é um bom nome. Sobre o novo ministro do
Turismo, escolha da presidente, preferiram não comentar. Sobre a
substituição de Gastão Vieira, o líder Eduardo Cunha afirmou:
- Para mim é indiferente, não melhora nem piora. Agora está certa ela (a presidente) de acabar com essa novela.
Recém-chegado
ao PMDB, Geller é muito próximo do senador Blairo Maggi (PR-MT) e tem
apoio das principais entidades do agronegócio. Mas atende também ao
líder rebelado do PMDB Eduardo Cunha, que há um mês avalizou seu nome -
antes de entrar em confronto com o Planalto -, numa reunião com o atual
ministro Antônio Andrade.
Para o Turismo, o peemedebista escolhido
por Dilma é ex-prefeito de Ouro Preto (MG). Atualmente, Ângelo Oswaldo
preside o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). É do chamado PMDB
histórico, ligado ao ex-governador José Aparecido, e foi secretário de
Cultura do governo Itamar Franco em Minas. As novas posses devem ocorrer
na sexta-feira.
Na Pesca, secretário assume vaga de Crivella
Além
da Agricultura e do Turismo, já está definido também o novo titular do
Ministério das Cidades, da cota do PP — Gilberto Occhi, funcionário de
carreira da Caixa, no lugar de Aguinaldo Ribeiro. A presidente ainda
precisa definir o novo titular dos Direitos Humanos (PT). E confirmar as
indicações do ex-ministro Miguel Rossetto para voltar à pasta do
Desenvolvimento Agrário — ele já se instalou em Brasília e está tomando
conhecimento dos projetos em andamento na pasta — e de Francisco
Teixeira (PROS), na Integração Nacional.
A vaga do ministro da
Pesca, Marcelo Crivella (PRB), deve ser ocupada pelo
secretário-executivo da pasta, Atila Maia da Rocha. O combinado é que,
Dilma sendo reeleita, Crivella voltará ao cargo, se perder a disputa
para o governo do Rio.
A reforma ministerial extrapolou o prazo
dado pela presidente para concluir as mudanças na equipe provocadas
pelas eleições. Dilma disse, em dezembro, que pretendia fazer a reforma
entre meados de janeiro e o carnaval. Nesse prazo, ela só conseguiu
mexer em ministérios petistas — Saúde, Educação e Casa Civil. Segundo a
legislação eleitoral, os candidatos devem deixar o governo até 4 de
abril.
Um dos integrantes do “blocão” da Câmara, o PSC fez uma
longa reunião com sua bancada de 13 deputados para debater a
possibilidade de formalizar o rompimento com o governo. Desistiram dessa
decisão, mas informaram a integrantes do governo que a partir de agora o
partido estará voltado para consolidar a candidatura própria do
presidente da legenda, Pastor Everaldo, à Presidência da República — o
que significa que o PSC não estará na coligação da presidente Dilma
Rousseff, como esteve em 2010.
Os deputados avaliaram que o
rompimento poderia parecer uma nova manobra do PMDB, com quem o PSC
mantém relação muito próxima. Os deputados optaram, então, por fazer
apenas um comunicado informal ao líder do governo de que a bancada
manterá postura de independência e se empenhará na candidatura
presidencial do pastor
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