Seguindo praxe adotada em grandes eventos, o governo vai restringir
pousos e decolagens em aeroportos de algumas das cidades-sede da Copa do
Mundo nos dias de jogos. As medidas terão maior impacto no Santos
Dumont, do Rio, e nos aeroportos de Fortaleza, Manaus e Cuiabá.
As normas elaboradas pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço
Aéreo), subordinado ao Ministério da Defesa e ao Comando da Aeronáutica,
proíbem pousos e decolagens em aeroportos com distância inferior a 7,2
km dos estádios onde os jogos estiverem sendo realizados por um período
médio de quatro a cinco horas.
A informação sobre as medidas foi publicada neste domingo (16) no jornal "O Globo".
A restrição começará sempre uma hora antes da partida –exceto no
encerramento da Copa, quando o Santos Dumont deixará de operar três
horas antes do jogo, com restrição total de sete horas.
OPÇÕES
As opções nesses casos serão: ou as companhias antecipam o voo, ou adiam
ou mudam o local de embarque e desembarque. No Rio, a primeira opção é o
Galeão.
O mesmo ocorrerá em Cuiabá, Fortaleza e Manaus, que receberão menor
número de jogos, mas também serão afetadas.
Nesses casos, as autoridades
sugerem aeroportos de Estados próximos. Apesar da distância, uma das
alternativas indicadas para Manaus, por exemplo, é Belém.
Em Belo Horizonte (Pampulha) e Curitiba (Bacacheri), os aeroportos incluídos na área restrita são de pequeno movimento.
Em Brasília, Natal, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo, não há
qualquer restrição, segundo o documento do Decea, já que os aeroportos
se situam a uma distância maior dos estádios.
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, disse
que ainda não recebeu o estudo do Decea, mas defende as regras sob o
argumento de que são importantes para manter a segurança dos torcedores
nos estádios.
Segundo ele, ainda serão pensadas "soluções que diminuam ao máximo o
desconforto dos passageiros". Ele também frisou que não haverá aumento
de custos. "Nem para passageiros, nem para as companhias. Apenas alguns
voos não serão feitos naquele período determinado e vão ter de se
adaptar", disse.
COMPANHIAS AÉREAS
As companhias aéreas discordam: "O setor lamenta que essa decisão não
tenha sido tomada antes da liberação da nova malha de voos elaborada
para atender a demanda da Copa, pois isso evitaria custos extras para as
empresas e aborrecimento para os passageiros", afirmou o consultor
técnico da Abear (Associação das Empresas Aéreas), Adalberto Febeliano.
A Folha apurou, no entanto, que as empresas já sabiam que o
governo iria tomar essa decisão há cerca de um mês. Os novos pedidos de
voos extras já teriam isso em mente. As medidas afetam, portanto,
aqueles cuja venda estava liberada há mais tempo (um ano antes do voo).
Em uma busca nos sites das companhias aéreas hoje, a reportagem
encontrou voos à venda no aeroporto Santos Dumont no horário restrito
(13h às 20h) em 13 de julho, data da partida final da Copa do Mundo, na
Gol, na TAM e na Azul.
A Gol informou que só pode retirar os voos do sistema quando for
notificada oficialmente pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o
que ainda não ocorreu, segundo a empresa.
Já a TAM respondeu que "fará todos os ajustes necessários em sua malha e
avisará os clientes com antecedência sobre as alterações".
A Azul afirmou que já recebeu a notificação da Anac e vai cumprir a determinação.
O estudo do Decea não tem estimativa de passageiros ou voos atingidos.
Moreira Franco também disse não possuir esse dado. As companhias são as
responsáveis por entrar em contato com os passageiros afetados.
Restrições do espaço aéreo são a norma em grandes eventos, como
aconteceu na Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude. O
que varia é a duração da restrição e o raio de extensão. O objetivo
principal é evitar ataques terroristas, pois em eventos desse porte,
como na abertura e na final da Copa, há sempre a presença de chefes de
Estado.
Colaboraram DAVID FRIEDLANDER e GABRIELA BAZZO, de São Paulo
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