A
maioria das 5.564 prefeituras do país deverá fechar suas portas no dia
13 de dezembro, em protesto contra o governo federal, em virtude das
baixas nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM),
dificultando a manutenção dos serviços essenciais a população e o
pagamento dos salários dos servidores, não permitindo os prefeitos de
honrarem compromissos básicos, tendo em vista o comprometimento das
receitas municipais.
O
movimento é apoiado pela União Brasileira de Municípios (UBAM), cuja
equipe está percorrendo todos os Estados brasileiros, em busca da adesão
das assembléias legislativas, para realização das audiências públicas.
Segundo
o presidente da UBAM, executivo Leo Santana, a entidade está apoiando o
movimento como forma repudiar o que classificou de “o maior arrocho
financeiro dos últimos 25 anos”, devido à falta de compromisso do
governo da União para com os mais importantes entes da federação.
O
dirigente municipalista explicou que os municípios nunca estiveram tão
perto da falência, desde a promulgação da Constituição de 1988, que os
elevou a condição de “entes federados”, diferenciados da União apenas
pela soberania, apesar de aumentar significativamente as suas
responsabilidades, negando, entretanto, os recursos para tanto.
No
Rio Grande do Norte, a Federação dos Municípios (Femurn), presidida
pelo prefeito Benes Leocádio, está promovendo o “SOS Municípios”, com a
participação dos prefeitos e deputados estaduais, com sessões
itinerantes por todo estado.
Em
Pernambuco, o presidente da Associação dos Municípios Pernambucanos
(Amupe), o prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota, está
percorrido municípios de todo Estado, participando de movimentos
regionais.
O
“Dia do Basta” já está sendo programado pela Associação Mineira dos
Municípios – AMM. Os prefeitos mineiros estarão reunidos no plenário da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais – ALMG. Essa iniciativa será
realizada em todo país, com o de demonstrar a insatisfação dos prefeitos
com a baixa arrecadação dos municípios e arrocho financeiro que vem
causando prejuízos enormes à população, permitindo que os serviços
públicos percam em qualidade e em quantidade. O evento é apoiado pela
UBAM, que já está programando a sua realização em todos os Estados.
“Os prefeitos
e prefeitas de todo Brasil devem decretar “Estado de Emergência”, pois
infelizmente não têm recebido nenhuma atenção do governo federal, que de
forma desonesta promove renúncias fiscais em prol das indústrias
multinacionais, obrigando os gestores a demitirem servidores,
paralisarem obras de grande necessidade e diminuírem salários, evitando
serem condenados por improbidade administrativa, devido a Lei de
Responsabilidade Fiscal, lei que não atinge a União.” Disse Leo Santana.
Segundo
Santana, as medidas adotadas pelo Governo Federal, com a desoneração do
IPI, só o ano passado (2012), causou uma renúncia de R$ 8,34 bilhões
para o país, subtraindo automaticamente dos cofres dos municípios
brasileiros aproximadamente R$ 1,9 bilhão.
Em
2013, segundo ele, este montante chegará a 11,88 bilhões já estimados
pelo Ministério da Fazenda, considerando a prorrogação do programa de
desoneração do IPI até o final de 2014.
Nas
áreas da saúde, da assistência social e educação, para cada centavo
investido pela União nos programas federais implementados nos
municípios, as prefeituras precisam entrar com uma contrapartida que
pode chegar a duas vezes o valor repassado pelo governo. Somente para
manter o serviço funcionando, hoje os gestores municipais investem mais
do que sua obrigação em algumas áreas, como na saúde, onde, por lei, os
municípios são obrigados a investir 15% de suas receitas e, em média,
acabam investindo 22%. Soma-se a isso o fato de os municípios terem
baixa capacidade de arrecadação própria.
Nos
Estados nordestinos, 90% dos municípios dependem dos repasses do FPM,
pois não possuem outras receitas, já que não há política econômica que
dotem essas cidades de indústrias, para aumentar suas receitas.
Em
Minas Gerais, com o maior número de Municípios do país, 70% dos
municípios são dependentes do FPM. Com isso, apenas com a redução do
IPI, as cidades mineiras deixaram de arrecadar mais de R$ 287 milhões em
2012. Com a continuidade desta política, os municípios mineiros podem
deixar de arrecadar, no ano de 2013, aproximadamente R$ 118 milhões e
este montante pode ainda aumentar. Informou o presidente da UBAM, Leo
Santana.
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