Depois
do ‘Outubro Rosa’, que alertou a mulher sobre o câncer de mama, agora é
a vez do ‘Novembro Azul’, uma campanha que chama a atenção dos homens para os riscos do câncer de próstata. Em
João Pessoa, o Governo do Estado oferece atendimento especializado com
cirurgia no Hospital General Edson Ramalho. De acordo com o urologista
Rafael Rebouças, na Paraíba, desde 2010, a laparoscopia é utilizada no
tratamento do câncer de próstata e a unidade de saúde realiza,
rotineiramente, o procedimento pelo Sistema Único de Saúde. A
laparoscopia é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo realizado sob efeito de anestesia.
Segundo
o urologista, Nos EUA, atualmente, mais de 80% das cirurgias são
realizadas por laparoscopia, assistidas por robô. “A principal
desvantagem do robô é seu elevado custo. O custo do robô, em si, varia
entre 1,3 a 1,5 milhões de dólares, com manutenção anual de U$ 100 mil e
acréscimo de U$ 400 a U$ 1,200 mil a cada caso. Portanto, está longe de
ser a realidade brasileira e muito menos da nossa região. Cirurgiões
tecnicamente bem capacitados podem oferecer a mesma qualidade e
resultado cirúrgicos, a custos bem menores, com a laparoscopia pura”,
destaca o urologista.
Ele
explica que o serviço de urologia do Hospital Edson Ramalho acompanha,
na medida do possível, a literatura mundial mais recente. Há três anos, a
maioria das cirurgias urológicas é realizada por laparoscopia, além de
incorporar novas técnicas de cirurgia por uma única incisão. “Nosso
principal objetivo é oferecer a toda a população o que se tem de melhor
na medicina, sem haver distinção entre a medicina privada e a pública”,
observou.
Rebouças
afirmou que o pioneirismo, nesta inovadora técnica cirúrgica,
denominada LESS (LaparoEndoscopic Single site Surgery), já rendeu ao
Hospital duas publicações em revista científica internacional
(International Brazilian Journal of Urology). A equipe já realizou mais
de doze cirurgias, com resultados animadores e que foram apresentados no
Congresso Brasileiro de Urologia em 2011, realizado em
Florianópolis-SC. “Neste mês, em Natal, participaremos do Congresso
Brasileiro de Urologia, com a apresentação de sete trabalhos,
provenientes das cirurgias realizadas no Edson Ramalho”, destacou.
Diagnóstico precoce
- De acordo com Rafael Rebouças quando se fala em doenças do homem, se
pensa logo em próstata. Ele adiantou que as duas principais patologias
são: a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) e o câncer de próstata,
explicando que a HPB consiste em um crescimento benigno da próstata,
presente em mais de 50% dos homens, acima dos 60 anos. A doença resulta
em sintomas urinários, como: força para urinar, jato fraco e aumento da
frequência urinária noturna. Tais sintomas prejudicam a qualidade de
vida e levam os homens a procurar atendimento médico. “Atualmente, temos
excelentes medicamentos, para tratar o crescimento da próstata, capazes
de melhorar os sintomas e, principalmente, evitar a progressão da
doença e a necessidade de cirurgia. Para isto, é fundamental que o homem
tenha seu diagnóstico precoce”, afirmou.
Segundo
o urologista, alguns casos, que não respondem bem à medicação, ou têm
complicações maiores da doença, podem necessitar de procedimento
cirúrgico. Neste caso, a ressecção transuretral da próstata (raspagem da
próstata) é o padrão de tratamento, que consiste em uma desobstrução da
próstata, através da uretra.
O
câncer costuma ser silencioso e assintomático. Os raros sintomas do
câncer de próstata, normalmente, estão relacionados à doença avançada.
Portanto, os homens que esperam sentir algo, para procurar o médico,
podem perder a chance de cura, através de um diagnóstico precoce.
“Gradativamente, percebemos um maior interesse dos homens pela sua
saúde. O preconceito com relação ao exame da próstata diminuiu bastante
ao longo dos últimos anos. A informação, provavelmente, é a principal
responsável por essa mudança”, alerta o urologista.
Ele
explica que atualmente, alterações na medida do PSA total (exame de
sangue) orientam a maioria dos diagnósticos de câncer de próstata. O
toque retal da próstata auxilia no diagnóstico dos tumores que não
alteram o PSA (25%) e melhora a detecção, nos casos de PSA alterado. O
PSA deve ser feito a partir dos 40 - 45 anos. “Após o diagnóstico, por
meio de biópsia da próstata, as doenças localizadas possuem várias
opções de tratamento, com excelentes taxas de cura. Os principais
métodos são: a cirurgia, a radioterapia e a vigilância”, comentou.
Rafael
Rebouças lembrou que nos últimos anos houve uma reviravolta no
tratamento cirúrgico, com a disseminação da cirurgia laparoscópica.
“Dentre os principais atrativos da laparoscopia, podemos citar a menor
perda sanguínea, menor dor no pós-operatório, retorno precoce ao
trabalho e melhor resultado estético. Após comprovação científica da sua
segurança e efetividade, a laparoscopia tornou-se padrão de tratamento
para diversas patologias. Para o câncer de próstata não foi diferente”,
explicou.
Ações nos municípios
- Além do atendimento especializado e dos procedimentos cirúrgicos, a
Secretaria de Estado da Saúde, por meio da área temática de saúde do
homem, participa da construção das ações de saúde do Novembro Azul,
assessorando os municípios nas discussões e disponibilizando materiais
educativos. “Recentemente, foi realizado um encontro para a discussão e
fortalecimento da Política Nacional de Ação Integral a Saúde do Homem
(PNAISH), direcionado para os municípios, subsidiando-os para o
desenvolvimento de suas ações. Os municípios implantados com a PNAISH no
Estado da Paraíba são: João Pessoa, Campina Grande, Patos , Cajazeiras e
Monteiro”, disse Ellen Rangel, chefe do Núcleo de Ações Estratégicas da
Atenção Básica da Secretaria de Estado da Saúde.
Ela
explica que a política nacional de atenção integral à saúde do homem
está alinhada com a política nacional da Atenção Básica, porta de
entrada do Sistema Único de Saúde, com as estratégias de humanização e
em consonância com os princípios do SUS, fortalecendo ações e serviços
em redes e cuidados da saúde.
O que é o Novembro Azul? - De acordo com Ellen Rangel, Inspirado
no Outubro Rosa, campanha de conscientização do diagnóstico preventivo
do câncer de mama. Um dos principais motivos da campanha é o combate à
cultura dos homens de só se consultarem com um médico quando estão
doentes, diferentemente das mulheres, mais adeptas de exames
preventivos. Estatísticas oficiais mostram que cerca de 30% dos
pacientes do Sistema Único de Saúde são diagnosticados com câncer de
próstata já em estágio avançado. Se descoberta no início, a doença é
curável em 90% dos casos. Os especialistas afirmam que visitas regulares
ao médico — pelo menos, uma vez ao ano — são fundamentais para a
detecção precoce não só do câncer de próstata, mas também de doenças
cardiovasculares e outros tipos de cânceres.
Dados do Brasil-
O câncer de próstata ocupa o segundo lugar, em incidência, entre os
homens, estimando-se em mais de 60 mil novos casos para este ano, e
perde apenas para o câncer de pulmão, em mortalidade (INCA). Os
principais fatores de risco são: a presença de história familiar e o
valor basal do PSA.
Dados da Paraíba
- O câncer de próstata já matou 178 homens este ano na Paraíba, segundo
dados da Secretaria de Estado da Saúde. A doença é uma das que faz mais
vítimas no Estado. Em 2011, a doença liderou com 296 mortes, seguida
pelo câncer de estômago com 281 e em terceiro lugar ficou o câncer de
pulmão com 280 óbitos. Em 2012, foi o segundo tipo de câncer de maior
incidência de óbitos no Estado, com 272 mortes. A estimativa do
Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que este ano devem surgir 940
novos casos deste tipo de câncer em todo Estado, dos quais 170 em João
Pessoa.
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