O
subprojeto de reciclagem de resíduos da Associação dos Catadores de
Material Reciclado (Ascamare) de Bonito de Santa Fé, financiado pelo
Governo do Estado através do Projeto Cooperar e Banco Mundial, foi um
dos quatro vencedores da primeira edição do Prêmio Cidade Pró-Catador
promovido pela Secretaria-Geral da Presidência da República. O resultado
foi divulgado no site oficial do Governo Federal na tarde da
segunda-feira (25).
Os outros contemplados foram os municípios de Arroio Grande (RS), Crateús (CE) e Ourinhos (SP).
O
prêmio tem como objetivo reconhecer e dar visibilidade às prefeituras
cujas práticas com inclusão social e econômica de catadores possam ser
referências para incentivar outros municípios a implementarem suas
iniciativas. Também tem a finalidade de aprofundar o conhecimento dos
gestores públicos federais, estaduais e municipais sobre políticas
públicas de reciclagem, coleta seletiva e inclusão social e econômica de
catadores, e criar um banco de boas práticas.
A
premiação acontecerá em São Paulo durante o Natal da presidenta Dilma
Rousseff com os catadores de materiais recicláveis e população de rua,
no próximo mês. Além do reconhecimento, dois representantes de cada
experiência – um gestor público municipal e um catador – serão
contemplados com viagens para conhecer experiências internacionais de
reciclagem.
O
Subprojeto de Reciclagem de Resíduos Sólidos foi contemplado com
recursos do Cooperar no valor de R$ 399,8 mil investidos em obras,
instalações e equipamentos, como a construção de galpão para triagem com
área coberta de 273 m2, caminhão com tela de proteção,
garagem, equipamentos e material permanente, empilhadeira elétrica
manual, balança digital, 10 carrinhos manuais para coletar recicláveis,
16 contentores de resíduos sólidos, prensa mecânica e outros, além de
material de consumo, como luvas, máscaras para proteção e fardamento. O
terreno de 2 hectares foi conseguido em parceria com a Prefeitura
Municipal.
Dos
63 municípios inscritos no Prêmio Cidade Pró-Catador, dez foram
selecionados na primeira etapa: Arroio Grande (RS), Bonito de Santa Fé
(PB), Crateús (CE), Itaúna (MG), Lavras (MG), Manhumirim (MG), Novo
Hamburgo (RS), Ourinhos (SP), Santa Cruz do Sul (RS) e Tibagi (PR).
Avaliação – Os projetos foram avaliados in loco pela
comissão de técnicos do Governo Federal que escolheram os quatro que
mais se destacam no desenvolvimento de políticas públicas junto aos
catadores de materiais recicláveis.
A
comissão avaliadora era formada por técnicos da Secretaria-Geral da
Presidência da República, Secretaria de Assuntos Federativos da
Presidência da República, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, Ministério do Meio Ambiente, Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Fundação Banco do Brasil.
Já
a comissão julgadora, que escolheu os quatro ganhadores do prêmio, foi
formada por membros do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Os critérios utilizados para a seleção foram a inclusão socioeconômica
dos catadores, sustentabilidade, caráter inovador, replicabilidade,
impacto no público-alvo, integração com outras políticas, participação
da comunidade, existência de parcerias e escopo do projeto.
Qualidade de vida
– Para a presidente da Ascamare, Rita da Silva Miguel, que trabalhava
como gari e agora também é responsável pela coleta seletiva de Bonito de
Santa Fé, o prêmio é um reconhecimento do trabalho feito. “Antes, com o
preconceito, nós éramos escanteados, e agora estamos mostrando que
temos valor para a sociedade”, destacou.
Rita
da Silva disse que o Cooperar foi à base de tudo, pois antes do apoio
do órgão em 2012, não tinha sequer o fardamento para trabalhar. “Com a
coleta melhorou muito e ainda vai melhorar mais. Com os ganhos, minha
feira passou a ser maior e ainda comprei a mobília da minha casa”,
lembrou.
De
acordo com o extensionista da Universidade Federal da Paraíba, Tarcísio
Valério da Costa, que foi responsável pelo projeto de implantação da
coleta seletiva em Bonito de Santa Fé, para consolidar a ação, a
associação passou por um período de capacitação sobre associativismo,
economia solidária e educação ambiental, em parceria com a UFPB, e
passou por oficina de capacitação imersa pelo Método Itog (Investimento,
Tecnologia, Organização e Gestão) do Cooperar.
Além
disso, toda a cidade praticamente foi envolvida na capacitação com
campanhas educativas e palestras, que continuam sendo feitas nas
escolas, associações e nos meios de comunicação locais.
Tarcísio
Valério lembrou que após a implantação da coleta, em março de 2012, a
associação chegou a produzir em três meses cerca de 2 toneladas de
material reciclável. Hoje, mensalmente tem uma produção de 7 toneladas e
faturamento de R$ 3,8 mil, divididos entre os 113 associados. A
produção do material é vendida para uma empresa de reciclagem de
Juazeiro do Norte (CE).
Adesão
– A cidade também aderiu à coleta seletiva e duas vezes por semana os
moradores dividem em sacolas plásticas os resíduos gerados em suas
residências, separando o material orgânico do material reciclável
(vidros, papelão, alumínio, entre outros). O material coletado vai para
dois Pontos de Entrega Voluntária (Pev), de acordo com calendário
semanal distribuído pela Ascamare.
Tarcísio
destacou que reciclar é bom tanto para o meio ambiente como para quem
recicla. Mas lembrou que as pessoas ainda não atentaram para a
iniciativa, pois apenas 55% dos resíduos produzidos são recicláveis e
45% não são aproveitados e o destino infelizmente são os aterros
sanitários.
Ele
disse que dados do Ipea de 2010 revelam que o potencial da cadeia
produtiva de recicláveis pode chegar a gerar uma movimentação financeira
de R$ 8 bi com a implantação de políticas públicas para o segmento. “A
indústria da confecção, por exemplo, utiliza 32% de pet”, informou.
O
Prêmio Cidade Pró-Catador conta ainda como parceiros com o Ministério
do Meio Ambiente, Fundação Banco do Brasil, Ipea e o Movimento Nacional
dos Catadores de Materiais Recicláveis.
Postado por Sr. Cariri em Notícia
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