A Assembleia
Legislativa da Paraíba (ALPB) promoveu sessão itinerante, nesta sexta-feira
(27), no município de Serra Branca, localizado no Cariri paraibano. O objetivo
foi promover a discussão com a população local sobre a crescente onda de
violência que assola os cerca de 30 municípios da região. A propositura foi
deputado estadual Carlos Batinga (PSC). Na oportunidade, foram apresentadas
várias propostas, entre elas, o investimento do Poder Público na compra de
helicópteros, câmeras de monitoramento de ruas, entre outros aparatos
tecnológicos.
A sessão foi
presidida pelo 2º vice-presidente da Casa de Epitácio Pessoa, Trócolli Júnior
(PMDB). Também estiveram presentes os deputados João Henrique e Assis Quintans
e o presidente da Frente Parlamentar de Segurança Pública da ALPB, Domiciano
Cabral, todos do Democratas; o secretário de Estado do Governo e deputado
licenciado Adriano Galdino; o juiz da Comarca de Serra Branca, Hugo Gomes; o
delegado Regional da Polícia Civil de Campina Grande, Marcos Paulo, entre
outras autoridades políticas e da área de segurança pública.
Durante a sua
explanação, o deputado Carlos Batinga abordou a sua preocupação com relação ao
aumento da violência no Cariri. Segundo ele, o problema migrou, aos poucos, das
grandes cidades e invadiu os pequenos municípios, incluindo a zona rural. O
parlamentar ainda destacou números apontados pelo mapa da violência, que
classifica a Paraíba como o terceiro no país, ranking de homicídios. Ainda de
acordo com os dados, das 105 ocorrências de assaltos a bancos registradas no
Estado até o dia 15 deste mês, 21 (20%) foram registrados só na região do
Cariri.
“São números
alarmantes. Em uma década, os casos de assassinatos triplicaram na Paraíba, sem
falar nos assaltos a bancos e agências dos Correios que coloca o nosso Cariri
em situação pior, no comparativo as demais regiões do Estado. Depois da seca, o
maior problema que temos enfrentado hoje é a insegurança. É uma coisa nova em
nossa região, agravada pelo problema das drogas, que, infelizmente, atinge
também as pequenas cidades e, pasmem, a nossa zona rural”, disse Batinga.
Investimento em
tecnologia e novos equipamentos
Como solução para o
problema, Batinga defendeu a união dos três poderes constituídos, Executivo,
Legislativo e Judiciário. Ele também citou o investimento do governo do Estado
em tecnologia e equipamentos de segurança. “É preciso utilizar mais aparatos
tecnológicos, disponibilizando pontos de contato da população com a polícia.
Assim poderemos agilizar as ações de combate à criminalidade. Também é preciso
reforçar o contingente policial nas divisas com Pernambuco, pontos principais
de acesso dos marginais para o nosso Estado”, comentou.
O deputado
Domiciano Cabral destacou a atuação da Frente Parlamentar de Segurança Pública.
Ele citou a apresentação de propostas para tentar amenizar o problema da
criminalidade no Estado. “Já sugerimos ao governo o investimento na aquisição de,
no mínimo, três helicópteros para auxiliar as forças policiais no combate às
ações criminosas, como também já apresentamos sugestões que propõem a
instalação de câmeras de monitoramento externo, nas ruas e avenidas. Também
propomos para que as instituições financeiras privadas invistam melhor em ações
de segurança, para auxiliar as nossas forças policiais”, comentou.
Incentivo aos
policiais
O deputado Trócolli
Júnior cobrou a implantação de medidas de incentivo para as forças policiais.
Entre elas, a gratificação do risco de vida para os integrantes da Polícia
Militar. Ainda segundo o peemedebista, o mapa da violência, entre outros
índices de criminalidade, apontam que o governo do Estado ainda não acertou na
sua política de segurança pública.
“Existe uma
insatisfação generalizada na nossa Polícia Militar, que é a ausência do risco
de vida. Uma luta antiga, que favoreceria os nossos policiais. O governador
emitiu um decreto que beneficiaria os policiais que apreendessem armas na
Paraíba, e nunca se viu uma quantidade tão grande de armas apreendidas como
hoje em dia. Portanto, isso se deve ao incentivo concedido pelo governo. E é
por isso, que digo que é só por meio do incentivo dos nossos servidores é que
conseguiremos amenizar o problema”, frisou.
Problema é tema de
debates na ALPB
O deputado João
Henrique argumentou que a luta pelo combate à criminalidade no Cariri é antiga.
“Na Assembleia Legislativa temos sugerido, seguidamente, medidas emergenciais
para a nossa região, propondo melhorias salariais aos nossos policiais, aumento
do contingente e investimento em equipamentos”, disse. “No entanto, é preciso
reconhecer o trabalho dos nossos policiais, que mesmo com tantas dificuldades
tem realizado um grande trabalho. Mas se faz necessário exercer uma política
contínua nesta área para superar o problema”, comentou.
Assis Quintans
também reconheceu o papel da ALPB no combate à criminalidade no Estado. “A Casa
de Epitácio Pessoa trata das coisas macro da Paraíba, ou seja, faz a abordagem
e discute o sentimento da população e a exemplo do Cariri, onde as pessoas
estão vivendo amedrontadas devido às ações truculentas decorrentes de
marginais. Mas, nós deputados, vamos transformar esses anseios em documento e
debate-los no plenário, propondo ideias para tentar resolver o problema”,
disse.
Parceria com os
municípios
Representando o
governador do Estado, o secretário Adriano Galdino afirmou que o problema da
criminalidade só será resolvido quando Estado e municípios estiverem juntos
nessa luta. Ele argumentou que a segurança pública não se faz apenas com o
aumento de policiais ou aumento de mecanismos de repressão, mas com
investimentos em educação, valorização dos servidores e no combate ao tráfico
de drogas.
“O governo tem
feito muito na área de segurança pública. Hoje quase todos os municípios têm
guarnições com viaturas novas. Também se investiu em equipamentos e em melhoria
de infraestrutura. Mas, só vamos melhorar quando colocarmos as prefeituras
nesse grau de responsabilidade. O que queremos é uma forma para que os recursos
cheguem até os municípios, para que os seus gestores possam investir nas
guardas municipais e em equipamentos para auxiliar os nossos policiais
militares”, disse.
A ideia foi
compartilhada pelo prefeito de Serra Branca, Eduardo Torreão (PMDB), que
lamentou o aumento da criminalidade, principalmente, com relação ao volume de
assaltos a agências bancárias na região. “Ninguém quer mais um caixa eletrônico
próximo a sua residência ou dentro do seu estabelecimento comercial. O
secretário Adriano Galdino pontuou bem, as prefeituras não têm recursos para
auxiliar as forças policiais. Até tentamos, mas somos penalizados pelo Tribunal
de Contas do Estado que nos proíbe de executar os escassos recursos públicos em
áreas que não são da nossa competência”, concluiu.
Números positivos
Apesar dos números
apontados pelo mapa da violência, o major Brandão, afirmou que o número de
homicídios registrados em 17 municípios do Cariri, que estão sob o seu comando,
caíram 45% de janeiro até a metade de setembro. Ao todo, 10 mortes decorrentes
de atos violentos foram registrados na região. Ainda segundo o militar, o
índice de Crime Violento Letal Intencional (CVLI), fixou em apenas 9,5% para
cada 100 mil habitantes. “É a menor taxa da Paraíba”, pontuou.
Trabalho de todos
Por fim, o coronel
Marcos de Lima Sobreira, responsável por comandar a Polícia Militar nas regiões
da Borborema e do Cariri, elogiou a Assembleia Legislativa por propor o diálogo
com a sociedade sobre um tema tão complexo como a segurança pública. “É importante
ouvi-los para conseguirmos identificar ações que vão ajudar a coibir as
atividades criminosas em nosso Estado”, disse.
O major ainda
solicitou o apoio dos prefeitos e da sociedade para o combate a criminalidade.
“Senhores gestores trabalhem na prevenção primária do crime. Fortaleçam a
política de educação, a geração de emprego e renda, o lazer, pois, só assim
conseguiremos afugentar os munícipes da criminalidade. O papel de combate a
criminalidade é um dever de todos, pois, todos são atingidos por esse mal”,
concluiu.
Texto: Ângelo
Medeiros/ALPB
Fotos: Josivan
Gomes/ALPB