"Esse negócio de terceira via é por enquanto", disse Eduardo em entrevista
"Esse negócio de terceira
via é por enquanto”. A frase, dita hoje pelo governador Eduardo Campos
(PSB), em entrevista por telefone à Radio Metrópole, de Salvador,
ilustra bem o momento de confiança que o presidenciável está vivendo.
Desde que ganhou corpo sua postulação, o governador adotou um tom mais
claro de oposição ao governo federal, ao qual seu partido foi aliado por
mais de dez anos. Eduardo reconheceu os avanços sociais, mas criticou
duramente a política de alianças do governo da presidente Dilma Rousseff
(PT), que tem como principal braço o PMDB.
“Chegou a hora. Todos reconhecem que houve avanços, mas todos
reconhecem que esse modelo de pacto político que está aí está superado.
Não vai produzir nada de melhoria importante na vida das pessoas. O que
tinha que dar, deu. É preciso reinventar um novo pacto social, um novo
pacto político que aproxime a sociedade da política. Quando a gente fez a
belíssima campanha do presidente Lula e colocou o primeiro filho do
povo no poder, a gente construiu avanços. Agora, não.
O que a gente vê é
esse arranjo político, essa coisa mofada, essa coisa cansada,
atrasada”, atacou o governador, num tom que vinha evitando até anunciar a
aliança com a ex-senadora Marina Silva.
Eduardo Campos condenou o que vem chamando de “velha política”,
traduzindo a expressão em práticas que levam ao fisiologismo. “Chegou o
tempo de aposentar, de quebrar essa velha prática. Nós não podemos
fatiar a República com os partidos achando isso uma coisa natural.
Essa
prática está vencida, a sociedade precisa de serviços públicos que
funcionem melhor. Não podemos permitir a apropriação de pedaços do
Estado por forças políticas para alimentar reeleições de A, B ou C”,
disse ele. Na mesma linha, o governador acrescentou, sem mencionar
nomes, que é hora de “aposentar um bocado de raposas que estão gastando a
paciência do povo”.
Ao mesmo tempo, Eduardo buscou dividir com o PT o legado das
administrações federais, ressaltando a participação de seu partido na
base e mostrando que uma das suas estratégias de campanha será dividir
com os petistas as conquistas da era Lula.
“Nossa aliança (com Marina)
não é para destruir ninguém. Reconhecemos o que aconteceu no Brasil nos
últimos anos, o papel de construirmos a democracia, a estabilidade
econômica, o ciclo de inclusão social, mas também, de outro lado, que é
preciso mudar a política porque senão a gente não faz as mudanças
continuarem construindo dias melhores na vida da população”, arrematou.
O desgaste da relação com o
ex-presidente Lula foi negado por Campos. Ele disse que permanecem com
alinhamento ideológico mas que Lula foi alertado sobre as divergências
na base de Dilma Rousseff. “Ele sabe da minha opinião sobre o pacto
social brasileiro e político que está a base da presidenta Dilma.
Prevenimos a ele das divergências, comuniquei a ele que o partido estava
deixando a base do governo e tentei, no sábado (5), falar com ele para
dar a notícia (da aliança com Marina) e não consegui”, repetiu.
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