Ao
som do instrumento ao qual se dedicou a vida toda, Arlindo dos 8 baixos
foi enterrado por volta das 17h desta quinta-feira no cemitério de
Santo Amaro. O cortejo chegou ao local seguido por familiares amigos e
fãs do compositor, que tocava como um mestre, mesmo com todas as
deficiências físicas. |
O sanfoneiro morreu durante sessão de hemodiálise, que fazia três vezes por semana. Arlindo era diabético e hipertenso há 40 anos. Por causa da doença, que piorou nos últimos cinco anos, o artista já havia perdido a visão e amputou as duas pernas. Arlindo também sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). O São João de 2012 foi o primeiro, em 50 anos, que o sanfoneiro não se apresentou, por motivos de saúde.
"O que ele deixa para mim é o exemplo de perseverança e vontade de viver", declarou o produtor cultural Roberto Andrade, responsável pela carreira do artista desde 1998. Nascido em Sirinhaém, Arlindo morou até a adolescência no Engenho Trapiche. Saiu da cana-de-açúcar para cortar cabelos no Cabo de Santo Agostinho. Foi lá que começou a tocar sanfona em bailes, instrumento que aprendeu vendo o pai tocar os Oito Baixos.
Arlindo com o amigo sanfoneiro Mestre Camarão durante período em que ficou hospitalizado, em 2012. |
Foi em um show no Parque de Exposição do Cordeiro que Arlindo conheceu Luiz Gonzaga. Passou 22 anos tocando com o Rei do Baião. "Ele que me fez voltar aos oito baixos. Disse que já tinha sanfoneiro demais, mas ninguém tocava oito baixos. Gravei e na hora de assinar os créditos ele pediu pra trocar Arlindo do Acordeom por Arlindo dos 8 Baixos", lembrou, em entrevista ao Diario no ano passado.
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