O senador mineiro e presidenciável tucano, Aécio Neves, disse que o PT
sofreu uma derrota dupla ao não inviabilizar a candidatura de Marina
Silva à Presidência --o que ele não descarta-- e ao perder o governador
Eduardo Campos (PSB) para o campo da oposição.
Líder do PSDB diz que aliança de Marina com Campos não afeta Aécio
Governo mantém maioria depois de troca-troca de partido
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista à Folha concedida em
Nova York, onde Aécio faz hoje uma palestra para investidores:
*
Folha - A dobradinha de Marina e Eduardo Campos foi uma surpresa?
Aécio Neves - Não há por que não admitir que foi uma surpresa.
Claro que a surpresa da decisão leva a todo o tipo de avaliação, mas o
que é muito claro é que temos hoje dois ex-ministros do presidente Lula
no jogo eleitoral atuando no campo da oposição. São muito bem-vindos.
Em uma eventual candidatura do PSB, o PT sofre uma derrota neste
primeiro momento, porque trabalhou neste último ano para inviabilizar
uma candidatura da Marina. E, por meio do presidente Lula, para a
cooptação do Eduardo ao campo governista. Não aconteceu nenhuma dessas
duas questões. Nas conversas com o Eduardo, fica muito claro esse
distanciamento em relação ao governo.
Confio em que, naturalmente, durante o processo eleitoral, o nosso antagonismo em relação ao governo é o que vai nos aproximar.
O senhor diz que o PT teve essa dupla derrota, mas eles dizem que um candidato da oposição a menos os favorece.
Eles queriam que a Marina não estivesse no jogo. Ninguém pode dizer que
amanhã não será candidata. E nós sempre tivemos uma preocupação com a
manutenção da candidatura do PSB.
Sempre pairou uma certa dúvida, se ia até o final, se o presidente Lula
faria um apelo e Eduardo sairia do jogo. Hoje, a candidatura do PSB, se
não é uma certeza, pelo menos avançou muito nessa direção.
No campo do PSDB, todos os passos que nós tínhamos de dar e os riscos
que podíamos ter de algumas saídas não existem mais. O Serra fica no
partido, e isso é importante dentro do PSDB, candidato ou não. O Álvaro
Dias, também. O PSDB manteve-se unido, e a hora é de construir o nosso
discurso, que não será mais esse discurso que o PT propõe de "nós contra
eles".
O senhor acredita mesmo que Marina vai ser vice?
Não é uma travessia simples. Ela diz que sim, mas vai ser sempre um nome
à disposição independentemente até da sua própria vontade ou do que
pretenda o Eduardo. Marina e Eduardo são figuras políticas respeitáveis,
que já estiveram no governo e por isso talvez conheçam muito bem e
tenham mais razões ainda para estarem contra.
Na conversa em que se aproximaram, Campos aceitou dialogar com a
garantia clara de que Marina fosse só a vice. Nessa conversa que o
senhor teve ele, no fim de semana, isso não foi comentado?
Não chegamos a falar disso. Mas a política é o imponderável. Muitas
vezes a sua intenção hoje não se realiza amanhã por absoluta desconexão
com a realidade.
O sr. precisa de um palanque forte em SP. Como fica? A Marina sobe com Alckmin nesse palanque?
[Risos] Olha, em relação à Marina eu não sei dizer. O nosso palanque em
São Paulo se solidifica com a presença do Serra e com a candidatura do
Geraldo. Quem tem hoje um palanque sólido em São Paulo somos nós. Os
outros vão ter de construir.
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