19 de fevereiro de 2013
|
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo
acompanha os estudos de Valdirene desde 2010, quando a historiadora e
arqueóloga conseguiu autorização dos descendentes da família imperial para
exumar os restos mortais. Na segunda-feira (18), ela apresentou sua
dissertação de mestrado no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.
Agora se sabe que o imperador tinha quatro
costelas fraturadas do lado esquerdo, o que praticamente inutilizou um de
seus pulmões - fato que pode ter agravado a tuberculose que o matou, aos 36
anos, em 1834. Os ferimentos constatados foram resultado de dois acidentes a
cavalo (queda e quebra de carruagem), em 1823 e 1829, ambos no Rio.
No caixão de Dom Pedro, nova surpresa: não havia
nenhuma comenda ou insígnia brasileira entre as cinco medalhas encontradas. O
primeiro imperador do Brasil foi enterrado como general português, vestido
com botas de cavalaria, medalha que reproduzia a constituição de Portugal e
galões com formato da coroa do país ibérico. A única referência ao período em
que governou o Brasil está na tampa de chumbo de um de seus três caixões: a
gravação Primeiro Imperador do Brasil, ao lado de Rei de Portugal e Algarves.
Dona Amélia mumificada
Ao longo de três madrugadas, os restos mortais da
família imperial foram transportados da cripta imperial, no Parque da
Independência, à Faculdade de Medicina da USP, na Avenida Doutor Arnaldo,
onde passaram por sessões de até cinco horas de tomografias e ressonância
magnética. Pela primeira vez, o maior complexo hospitalar do País foi usado
para pesquisar personagens históricos - na prática, Dom Pedro I, Dona
Leopoldina e Dona Amélia foram transformados em ilustres pacientes, com
fichas cadastrais, equipe médica e direito a bateria de exames.
No caso da segunda mulher de Dom Pedro I, Dona
Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda de
que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que a
imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua
biografia. O corpo da imperatriz, embora enegrecido, está preservado,
inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura
um crucifixo de madeira e metal.
O estudo também desmente a versão histórica - já
próxima da categoria de “lenda” - de que a primeira mulher, Dona Leopoldina,
teria caído ou sido derrubada por Dom Pedro de uma escada no palácio da
Quinta da Boa Vista, então residência da família real. Segundo a versão,
propalada por alguns historiadores, ela teria fraturado o fêmur. Nas análises
no Instituto de Radiologia da USP, porém, não foi constatada nenhuma fratura
nos ossos da imperatriz.
Futuro
“Unimos as ciências humanas, exatas e biomédicas
com o objetivo de enriquecer a História do Brasil. A cripta imperial foi
transformada em laboratório de especialidades, com profissionais usando os
equipamentos mais modernos em prol da pesquisa histórica”, disse a
pesquisadora, que trabalhou três anos sob sigilo acadêmico. “O material
coletado será útil para que as pesquisas continuem em diversas áreas ao longo
dos próximos anos.”
FONTE:Jornal
O Estado de S.Paulo.
|
Parte
inferior do formulário
Nenhum comentário:
Postar um comentário