quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Bento 16 diz que renuncia, mas não volta à 'vida privada'


Sucessão Papal

O papa Bento 16 disse na manhã desta quarta-feira, em sua última audiência pública como papa, que, a despeito da renúncia --que só encontra paralelo quase 600 anos atrás-- não vai voltar à sua vida privada.
"Quem assume o ministério de São Pedro não tem mais qualquer privacidade. Ele sempre pertence totalmente a todos e a toda a igreja. Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, conferências. Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor crucificado", disse Bento 16 na praça de São Pedro, no Vaticano.
"Sua vida é, por assim dizer, totalmente excluída da esfera privada. Eu pude experimentar isso e experimento agora."
Bento 16 disse ainda que não vai se afastar da igreja, pois continuará a fazer parte de encontros religiosos. "O papa pertence a todos, e todos pertencem a ele. Minha decisão de renunciar ao exercício ativo do ministério não revoga a este cargo. Continuarei tendo encontros e participando. Em orações, continuo, por assim dizer, no recinto de São Pedro", afirmou.

Última audiência do Papa Bento 16

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Filippo Monteforte/AFP

Multidão de fiéis com cartazes e faixas aguardam a última audiência geral de Bento 16, na praça de São Pedro, no Vaticano...
Bento 16 disse também agradeceu aos fiéis pela "compreensão com qual receberam uma notícia assim tão importante". Disse que está "consciente da gravidade e novidade" da renúncia, porém que tomou a decisão com "profunda serenidade de espírito". "Nesses últimos meses senti que minhas forças tinham diminuído. E pedi que Deus me iluminasse para me ajudar a tomar a decisão mais correta, para o bem da igreja."
Essa é a primeira vez em 598 anos que um papa renuncia ao cargo. O último a fazê-lo foi Gregório 12, em 1415. Apesar da decisão, tomada no último dia 11, Bento 16 disse que jamais se sentiu sozinho no ministério de São Pedro.
DIFICULDADES
Bento 16 reconheceu que, em seus quase oito anos de pontificado, teve momentos de alegria e luzes, mas também "momentos difíceis". "O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas também momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir."
O papa disse que se sentiu como são Pedro com os apóstolos na barca, no lago da Galileia, e que sempre soube que o Senhor estava na barca.
"E sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas Sua, e não a deixa se afundar. É Ele quem a conduz, certamente, através dos homens que elegeu. Esta é uma certeza que nada pode ofuscar e é por isso que meu coração está cheio de agradecimento a Deus, porque não me fez faltar a toda a Igreja e também seu consolo, sua luz e seu amor", acrescentou.
FONTE:FOLHA DE SÃO PAULO

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