Isolada dos maiores centros comerciais do Piauí, a cidade de São João do Arraial, a 253 km de Teresina, criou um banco local para contornar a falta de serviços bancários. Criado em dezembro de 2007, o "Banco dos Cocais" possibilitou o desenvolvimento econômico da região com a circulação de uma moeda própria, o "cocal".
No
Piauí, 68 cidades não contam com nenhum tipo de dependência bancária, segundo
dados do Banco Central. Em todo o Brasil, são 233 municípios, sendo que as
regiões que mais sofrem com o problema são o Nordeste - 9,1% das cidades - e o
Norte (7,6%). Já as cidades que não têm agências, mas podem ter outros
serviços, como lotéricas e caixas eletrônicos, chegam a 1,9 mil em todo o país.
O Cocal
A moeda tem o mesmo valor do real, mas com maior poder de compra graças
aos descontos oferecidos em todos os estabelecimentos comerciais do
município. Se um produto custa R$ 10, pagando com a moeda social,
custará C$ 9. O desconto é possível porque, para cada cocal emitido, há
um lastro de um real garantido pela organização financeira comunitária.
As cédulas são estampadas com ícones da cultura e economia local, além
possuir um selo que dificulta a sua falsificação. De acordo com o
coordenador Mauro Rodrigues, o banco tem o custo de R$ 0,15 por moeda
fabricada, além de arcar com o transporte desde Fortaleza, onde está a
gráfica de confiança do Instituto Palmas, gestor e certificador de
bancos comunitários no Brasil, e responsável pela impressão das notas.
"Hoje, para emitir dez mil cédulas, o custo chega a ser de R$ 5 mil. É
um recurso bastante caro. Se a moeda fosse fabricada pela Casa da Moeda,
nós teríamos redução dos custos, o material seria de maior qualidade.
Caso tivéssemos este apoio, teríamos um avanço gigantesco tanto do ponto
de vista institucional como financeiro", acrescentou Mauro.
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