domingo, 9 de dezembro de 2012


A revolução será televisionada
Liberdade criativa e reforço de medalhões vindos do cinema forjam era de ouro na TV dos EUA
ISABELLE MOREIRA LIMA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES O cinema está morto. Vida longa à televisão! Pelo menos é o que pensa Andrew O'Hehir, crítico do portal americano
Salon, que lançou o desafio: o que você discute com os seus amigos, os filmes premiados pelo Oscar nos últimos cinco anos ou os episódios de sua série de TV favorita?
A ideia da supremacia da televisão norte-americana sobre o cinema não é nova, mas vem ganhando força nos últimos anos.
O que se discute é que a TV chegou à sua fase madura e, mais do que isso, é nela -e não no cinema, como ocorria no passado- que estão os projetos dramáticos mais inovadores do país, com roteiros autorais e sofisticados.
Ouvidos pela Folha, atores, produtores, roteiristas, críticos e acadêmicos corroboram essa percepção.
"O avanço tecnológico é a principal explicação para a revolução da TV. Mais canais significam mais escolhas e segmentação do público, com atrações incrivelmente atraentes para um grupo menor de espectadores", diz Alan Sepinwall, um dos principais críticos de séries dos EUA, que acaba de lançar um livro sobre essa nova era, "The Revolution Was Televised" (a revolução foi televisionada).
Para Sepinwall, o cinema parou de fazer dramas sofisticados para "adultos pensantes" e se voltou para franquias de filmes de ação, deixando lacuna logo ocupada por séries como "A Família Soprano", que iniciou o fenômeno, em 1999, e "Mad Men".
A mudança de eixo se deve em grande parte à nova realidade econômica do país, que inibe riscos na produção de filmes -daí a avalanche de super-heróis manjados e efeitos especiais. Ao mesmo tempo, ficou mais fácil viabilizar projetos de TV, dada a oferta de canais e a demanda por produtos dramáticos.
"De repente, atores que faziam só filmes, como a Glenn Close, estão na TV [em 'Damages'], elevando a qualidade da programação", afirma o ator Ted Danson. Veterano que estreou em séries em 1975, ele hoje está em "CSI".
"A TV a cabo te permite falar o que quiser, de qualquer jeito. Você pode falar palavrão ou discutir temas picantes. Isso fez com que pudéssemos ir mais fundo", diz. 

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