quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Em artigo, o cientista político Flávio Vieira analisa a importância da candidatura de Veneziano

Em artigo, o cientista político Flávio Vieira analisa a importância da candidatura de Veneziano
Na eleição de 2010, Veneziano Vital já era quase uma unanimidade entre os nome lembrados para disputar o Governo da Paraíba, e não apenas entre peemedebistas. 

E não são poucos hoje os que consideram que, caso tivesse sido ele o candidato, ao invés do ex-governador José Maranhão, o resultado daquela eleição poderia ter sido diferente.

Conjecturas à parte, quatro anos e uma derrota em Campina Grande depois, Veneziano continua com o prestígio em alta e como nome de consenso do maior e mais enraizado partido paraibano, o PMDB, que, em meio a vitórias e derrotas, constitui desde o início dos anos 1980, um dos polos políticos da Paraíba.
A ascensão de Veneziano

Veneziano Vital faz parte dessa safra de políticos que emergiram como grandes lideranças nos primeiros anos do milênio no Nordeste, da qual também fazem parte o atual Governador, Ricardo Coutinho, e o Prefeito da maior cidade paraibana, Luciano Cartaxo.

Carrega em seu currículo duas épicas vitórias (em 2004 e 2008) sobre o grupo Cunha Lima em sua até então invencível fortaleza, a Prefeitura de Campina Grande, vitórias que o projetaram como umas das principais lideranças políticas paraibanas. 

E, não fosse a ascensão de José Maranhão ao governo em 2010, o principal embate que se projeta para 2014 entre Veneziano e RC (também eleito prefeito de João Pessoa em 2004) talvez tivesse sido antecipado em quatro anos.

Apesar da derrota sofrida em 2012 na mesma Campina Grande, Veneziano mostrou força, ao levar uma candidata desconhecida ao segundo turno com uma votação que superou os 40%. E numa condição de isolamento político, em razão dos erros cometidos antes e durante a campanha eleitoral na cidade.

Entretanto, a derrota de 2012 e os subsequentes esforços feitos pela imprensa governista para desconstruir a gestão de Veneziano Vital na PMCG não tiveram o condão de eliminá-lo da disputa.
 

E mostram o quanto a candidatura de Veneziano Vital preocupam o atual governador, que perdeu quase todo o apelo de renovação que sua candidatura representou em 2010.
No governo, RC envelheceu.

O potencial de Veneziano

As razões para a manutenção da força da candidatura do "Cabeludo" são duas.
A primeira, é o PMDB, uma máquina partidária que elegeu, sozinha, em 56 prefeituras na eleição de 2012 - ¼ do total, - entre elas Patos e Sousa, e lançou à disputa candidatos em todas as grandes cidades do estado (João Pessoa, Campina e Cajazeiras), sem dúvida, um grande feito, se considerarmos ser o PMDB um partido de oposição.

Esse é um suporte indispensável para qualquer candidatura, que precisa de enraizamento e bases em todo o estado. 

E esse suporte é expressão da larga tradição política que tem o PMDB na Paraíba, partido que foi capaz de agregar em torno de si um contingente de lideranças que deram ao partido sempre projeto e expectativa de poder.

A segunda razão para a manutenção da candidatura de Veneziano Vital é ele próprio. Veneziano carrega, em primeiro lugar, o atributo da juventude, fortemente valorizada na última eleição. 

Com 43 anos de idade, Veneziano Vital, entretanto, já carrega uma experiência política e administrativa própria de quem entrou cedo para a política. 

Prefeito da segunda maior cidade do estado, Veneziano tem um portfólio de ações administrativas que não deve ser subestimado, nem suas duas administrações devem ser avaliadas pelo esforço de "colar" nelas os problemas dos últimos dias, superdimensionados pela mídia governista. 

Desempenho na TV

A juventude por si só não tem tanta importância se não for acompanhada de um candidato que seja capaz de seduzir o eleitorado, e esse atributo Veneziano parece ter de sobra.
E o desafio maior para ele será expressar, na forma de um discurso, esse desejo de mudança que, ao que parece, continua latente em meio ao eleitorado, especialmente entre os mais jovens.
E é nesse encontro entre um candidato e um discurso de mudança que estará a chave de uma campanha que mobilize o interesse e o voto de um eleitor, que é hoje cotidianamente desestimulado a despreza a política. 

Além disso, dos candidatos apresentados até agora, o mais capaz de se apresentar como o herdeiro legítimo do voto anti-ricardista, uma porção expressiva do eleitorado, que João Pessoa e Campina demonstraram ter em 2012. 
Esse eleitorado é um suporte expressivo, cuja dimensão real ainda é um mistério, e sua adesão a uma das candidaturas só se dará quando a campanha estiver a pleno vapor, com as candidaturas postas.

E, da mesma maneira que Ricardo Coutinho se mostrou capaz de fazer com o voto antimaranhista em 2010, Veneziano deverá ser capaz de falar para esse eleitorado, mas nós só para ele.
 

Mais do que derrotar, Veneziano Vital deve encarnar esse amplo espírito de mudança que o eleitorado deseja ver expresso em um candidato.
Uma ou duas candidaturas de oposição?

Resta para a candidatura de Veneziano atualmente o desafio de construir uma política de alianças que seja capaz, no mínimo, de leva-lo ao segundo turno e à vitória.
Considerando que será mantida a aliança RC-Cássio, a grande dúvida é se com uma ou duas chapas de oposição. Se ele aposta ou não numa eleição plebiscitária já no primeiro turno.

O problema de três chapas é que a oposição expressara alguma fragilidade ao eleitor ao se mostrar incapaz de se unir já no primeiro turno. E três chapas não garantem que a eleição não caminhe para uma polarização, esvaziando uma delas.
Isso, obviamente, dependerá de uma série de fatores, entre eles o discurso, o perfil e o desempenho do terceiro candidato.  
Mais ainda. Duas chapas não impedem um segundo turno, como, aliás, aconteceu em 2006 e 2010, quando a polarização extremada levou a uma diferença tão pequena entre os dois principais candidatos que foi coberta pela votação do PSOL, do PSTU e PCO.

A questão, nesse caso, é avaliar se esse quadro eleitoral tende a se manter ou se ele foi alterado. Dessa avaliação parte qualquer estratégia para o oposição paraibana.
Isso será assunto para uma futura postagem. Por ora, basta dizer sobre a candidatura de Veneziano Vital que ela está no jogo. E para ganhar.

Flávio Vieira é professor da UFPB

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