quarta-feira, 9 de abril de 2014

Contra o “quanto pior, melhor”

O governo Dilma vive um momento difícil. A aprovação da presidente cai nas pesquisas, ela vê os seus “aliados” no congresso sumindo e a criticando pelos jornais, isso tudo, além da instalação da CPI da Petrobras, que deve ocorrer nesta semana. Há também risco de falta de energia na Copa do Mundo, evento este que pode despertar muitas indignações, que, naturalmente, recairão sobre o governo — já que estamos, afinal, em ano de eleições presidenciais.

Em meio a estes fatos, a oposição começa a mostrar que está disposta a se impor, como é exatamente o caso da CPI. Importantíssima será a comissão, que enfrentará dificuldades para ser efetiva, mas poderá esclarecer os gastos indiscriminados da gestão da maior empresa brasileira, como também a incompetência administrativa e a corrupção desenfreada. É para isso que serve a CPI, que é sim um instrumento político.

Não se deve confundir, entretanto, a necessidade da investigação para o país, com uma paixão política que faz com que muitos apenas enxerguem urnas à frente. A CPI não é para destruir o governo do PT, mas para apurar como o governo do PT vem se valendo, senão da leniência e da incompetência, da corrupção para governar. Costumo dizer que os ruins não precisam de alguém que os detrate, mas apenas de pessoas prudentes que mostrem a todos como eles são ruins.

Um discurso do “quanto pior, melhor”, portanto, é definitivamente o que não precisamos neste momento. A irresponsabilidade do PT como oposição aos governos Itamar e FHC, por exemplo, é algo que deve permanecer no passado e que não deve ser trazido novamente à arena política, com os papeis agora inversos. A oposição dá sinais de que permanecerá responsável, muito embora o PT já ensaie o discurso de que nós, que não concordamos com o desperdício e a corrupção, somos golpistas.

Escuto uns e outros eleitores, entretanto, que querem a ruína do país para que a oposição vença nas urnas. Ora, aquele que quer melhorias, deve em regra torcer pelo país — se torce pelo contrário, não pode querer melhorias. Aliás, é típico de certa mentalidade de esquerda, a necessidade de um caos social estabelecido para que se consiga vencer adversários e promover mudanças. Eu acredito no valor das ideias que reformam, e não na destruição para construir — o que seria obviamente uma incongruência.

Não desejo, portanto, que o Brasil perca a Copa do Mundo. Não desejo o quebra-quebra nas eventuais manifestações que são esperadas para o meio do ano. Não desejo, muito menos, que Dilma cometa erros grotescos daqui para frente. Acompanhando estes anos de governo, já considero que temos muitos fatos e evidências que justifiquem a sua não manutenção no poder. Chega a hora de mostrá-los — e a CPI é uma grande oportunidade para tal. Mãos à obra, oposição!
Marcel Beghini

Marcel Dornas Beghini é mineiro, de Belo Horizonte. Jornalista formado pela PUC-MG, atualmente cursa Direito na Faculdade de Direito Milton Campos.

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