O governo Dilma vive um momento difícil. A aprovação da
presidente cai nas pesquisas, ela vê os seus “aliados” no congresso
sumindo e a criticando pelos jornais, isso tudo, além da instalação da
CPI da Petrobras, que deve ocorrer nesta semana. Há também risco de
falta de energia na Copa do Mundo, evento este que pode despertar muitas
indignações, que, naturalmente, recairão sobre o governo — já que
estamos, afinal, em ano de eleições presidenciais.
Em meio a estes fatos, a oposição começa a mostrar que está disposta a
se impor, como é exatamente o caso da CPI. Importantíssima será a
comissão, que enfrentará dificuldades para ser efetiva, mas poderá
esclarecer os gastos indiscriminados da gestão da maior empresa
brasileira, como também a incompetência administrativa e a corrupção
desenfreada. É para isso que serve a CPI, que é sim um instrumento
político.
Não se deve confundir, entretanto, a necessidade da investigação para
o país, com uma paixão política que faz com que muitos apenas enxerguem
urnas à frente. A CPI não é para destruir o governo do PT, mas para
apurar como o governo do PT vem se valendo, senão da leniência e da
incompetência, da corrupção para governar. Costumo dizer que os ruins
não precisam de alguém que os detrate, mas apenas de pessoas prudentes
que mostrem a todos como eles são ruins.
Um discurso do “quanto pior, melhor”, portanto, é definitivamente o
que não precisamos neste momento. A irresponsabilidade do PT como
oposição aos governos Itamar e FHC, por exemplo, é algo que deve
permanecer no passado e que não deve ser trazido novamente à arena
política, com os papeis agora inversos. A oposição dá sinais de que
permanecerá responsável, muito embora o PT já ensaie o discurso de que
nós, que não concordamos com o desperdício e a corrupção, somos
golpistas.
Escuto uns e outros eleitores, entretanto, que querem a ruína do país
para que a oposição vença nas urnas. Ora, aquele que quer melhorias,
deve em regra torcer pelo país — se torce pelo contrário, não pode
querer melhorias. Aliás, é típico de certa mentalidade de esquerda, a
necessidade de um caos social estabelecido para que se consiga vencer
adversários e promover mudanças. Eu acredito no valor das ideias que
reformam, e não na destruição para construir — o que seria obviamente
uma incongruência.
Não desejo, portanto, que o Brasil perca a Copa do Mundo. Não desejo o
quebra-quebra nas eventuais manifestações que são esperadas para o meio
do ano. Não desejo, muito menos, que Dilma cometa erros grotescos daqui
para frente. Acompanhando estes anos de governo, já considero que temos
muitos fatos e evidências que justifiquem a sua não manutenção no
poder. Chega a hora de mostrá-los — e a CPI é uma grande oportunidade
para tal. Mãos à obra, oposição!
Marcel Beghini
Marcel Dornas Beghini é mineiro, de Belo Horizonte.
Jornalista formado pela PUC-MG, atualmente cursa Direito na Faculdade de
Direito Milton Campos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário